Brasil cede comercialmente aos Estados Unidos e recebe “promessas” de Trump
O presidente Jair Bolsonaro encerrou o encontro com o líder americano Donald Trump, em Washington, confiante que conseguiu “excelentes” resultados. Mas até que ponto, a visita aos Estados Unidos trará benefícios econômicos concretos ao País?
Bolsonaro, que declarou ser fã de carteirinha do presidente Trump, fez inúmeras concessões comerciais aos Estados Unidos. Em troca, recebeu várias promessas.
Por exemplo: Bolsonaro garantiu a isenção dos vistos para americanos sem contrapartida para brasileiros e ainda fechou acordo para o uso da Base da Alcântara, no Maranhão, para o lançamento de satélites pelos EUA, sem acesso às tecnologias americanas.
No caso da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico), o Brasil aceitou começar a abrir mão do tratamento especial e diferenciado nas negociações da OMC (Organização Mundial do Comércio) em troca do apoio americano ao seu ingresso na OCDE, uma espécie de “clube de países ricos”.
Não se sabe até que ponto, Donald Trump irá se esforçar para que o Brasil chegue a esse patamar. É só ver o exemplo da vizinha Argentina. O presidente argentino Mauricio Macri, por exemplo, arrancou em abril de 2017 uma declaração de Trump apoiando a entrada do país na OCDE, mas quase dois anos depois a Argentina segue fora.
Aos brasileiros, resta esperar pelos “resultados econômicos” que estejam por vir com a declarada fidelidade do Governo Bolsonaro com os Estados Unidos. Afinal, o que todos desejam é a recuperação dos postos de trabalho, mas com garantias e direitos respeitados. Só que o que se vislumbra pela frente não está nem perto disso.
Em tempo: a viagem de Bolsonaro não poderia deixar de ter algum desconforto envolvendo um dos filhos. Depois de confirmada a participação do deputado federal Eduardo Bolsonaro no encontro privado entre os presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump, o chanceler Ernesto Araújo teve um chilique. Os ministros brasileiros presentes testemunharam a descompensação do chanceler, que ficou fora da reunião, realizada no Salão Oval da Casa Branca, em Washington. O ministro da Fazenda, Paulo Guedes, serviu de bombeiro para acalmar Ernesto Araújo, que saiu desprestigiado da viagem.