Ciro Gomes vê com pessimismo os três primeiros meses do Governo Bolsonaro

  • 29/03/2019

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O ex-ministro Ciro Gomes (PDT), que também concorreu à Presidência da República nas eleições passadas, se mostra pessimista com os três primeiros meses do Governo de Jair Bolsonaro. Ciro chegou a classificar o presidente como um “imbecil” e “semi-analfabeto”, que não consegue apresentar um plano de governo coerente para o País.
Em entrevista ao jornal português Diário de Notícias, Ciro também dispara contra as ações midiáticas da Operação Lava Jato, que prendeu o ex-presidente Michel Temer. “A regra nos países civilizados do Estado de direito democrático é a liberdade. As prisões excecionais dão-se em casos muitos específicos. E nenhum dos factos imaginados pela lei, como a ameaça de fugir, evidência de que está a destruir provas, coagindo testemunhas ou perturbando a ordem pública, nem uma dessas situações excecionais, estava desenhada em redor de Michel Temer. Portanto, não estou a defender Michel Temer, estou a defender a Constituição brasileira, a ordem jurídica que no Brasil tem sido muito violentada ultimamente.”
O ministro da Justiça, Sérgio Moro, também é alvo nas declarações de Ciro Gomes. Para ele, “Bolsonaro recrutou o [juiz Sérgio] Moro por uma razão publicitária”. Ciro acredita que o ex-juiz tem fechado os olhos para as irregularidades dentro do Governo. “Por exemplo, o ministro-chefe do governo, Onyx Lorenzoni, é confesso de ter feito fraude com dinheiro de campanha que é basicamente a razão pela qual a Lava-Jato começa a entrar na política. E Moro relativizou completamente, chegando a dizer que dinheiro fraudulento numa campanha não é assim um crime tão grave quanto achava no passado que era. Depois, o filho do presidente e o próprio presidente, com a mulher envolvida, começam a envolver-se com milícias. Isto é uma coisa completamente constrangedora, com muito dinheiro público envolvido, dinheiro subtraído do salário de funcionários-fantasmas. E o Moro permanece absolutamente calado, lavando as mãos, como se não houvesse responsabilidade dele nisso. E há responsabilidade dele nisso. Na medida em que se está erodindo muito rapidamente essa imagem publicitária e está semeada aí uma tensão: ele vai preservar a sua imagem e vai-se demitir do governo ou vai afundar junto com o governo? Me parece que é muito mais o tipo oportunista e agarrado nos media, nos holofotes da publicidade. A tendência é sair do governo”.