Desentendimentos entre Governo e Congresso comprometem a Reforma da Previdência
A semana começa em Brasília com a expectativa que o presidente da Câmara Federal, Rodrigo Maia, dê sinais de diálogo com o Executivo. A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara vai ouvir o ministro da Economia, Paulo Guedes, nesta terça-feira, dia 26 de março, sobre a proposta de Reforma da Previdência.
Mas não está fácil. A troca de farpas entre Maia, Moro e Bolsonaro, na semana passada, deixaram sequelas. Os líderes partidários estão desconfiados e insatisfeitos com a postura do Governo. A falta de articulação política é clara.
Os parlamentares querem indicar cargos no Governo e a liberação de emendas para suas bases eleitorais. Bolsonaro acha que pode ganhar votos no Congresso no gogó e pregando o que ele chama de “nova política”.
Quem tem vasta experiência de negociação com o Congresso sabe que não é assim que a banda toca. No fim de semana, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso pregou aviso a Bolsonaro através das redes sociais: “Paradoxo brasileiro: os partidos são fracos, o Congresso é forte. Presidente que não entende isso não governa e pode cair; maltratar quem preside a Câmara é caminho para o desastre. Precisamos de bom senso, reformas, emprego e decência. Presidente do país deve moderar não atiçar”.
Não precisa desenhar. O exemplo recente da ex-presidente Dilma Rousseff está aí para comprovar. Perdeu apoio no Congresso e foi vítima de um impeachment, sob alegativa fajuta de “pedaladas fiscais”.
Os militares, que compõem o Governo, acompanham os movimentos e mostram insatisfação com quem influencia Bolsonaro. Os generais que cercam Jair Bolsonaro começam a enquadrar o astrólogo Olavo de Carvalho, que tem sido apresentado como guru intelectual do clã presidencial. “Por suas últimas colocações na mídia, com linguajar chulo, com palavrões, inconsequente, o desequilíbrio fica evidente”, criticou o ministro da Secretaria de Governo, General Santos Cruz.
O vice presidente General Mourão também segue alerta às trapalhadas da família Bolsonaro. Esta semana, ele se reúne com empresários ligados à FIESP, em São Paulo. O mercado já começa a acreditar no fracasso da Reforma da Previdência, proposta pelo ministro Paulo Guedes. Dizem analistas políticos mais experientes que até o próprio Bolsonaro não a quer, por ser extremamente impopular. Por isso, o motivo de não estar esforçando em nada para negociar com o Congresso.
Aguardemos os próximos capítulos dessa novela, que promete ser longa.