Os 100 primeiros dias do Governo Jair Bolsonaro
O governo do presidente Jair Bolsonaro completou 100 dias nesta quarta-feira, dia 10 de abril. Em meio a muitos desafios, principalmente, no quesito recuperação econômica, a gestão se perde pelo pouco diálogo, polêmicas e brigas inúteis pelas redes sociais.
Mas o maior problema não está aí. Após montar um Ministério com muitas figuras, até folclóricas, mas com pouca efetividade, Bolsonaro enfrenta uma péssima relação com o Congresso Nacional. E é no Legislativo que ele precisa construir uma base para aprovar as reformas que deseja. A meta no início do Governo era formar uma base com cerca de 350 deputados. Hoje, Bolsonaro não tem a segurança de contar nem com os 54 votos do PSL (o seu partido) na Câmara Federal.
E, por enquanto, a economia patina. As previsões do mercado para o PIB caem há seis semanas consecutivas. O crescimento de 2019 é estimado na faixa de 1%, o que repete cenários dos dois últimos anos.
O mais grave é que falta clareza ao que Bolsonaro projeta para o País. O ministro da Economia, Paulo Guedes, tenta enfiar uma Reforma da Previdência que desagrada a maioria da população. Consequentemente, senadores e deputados não querem aprovar o texto que aí está. O ministro da Justiça, Sérgio Moro, tem um pacote anticrime que, simplesmente, não anda na Câmara por total falta de habilidade política dele e do próprio presidente. Fora as ações desastrosas em outros ministérios como Educação, totalmente paralisado, e Relações Exteriores, causando conflitos gratuitos com países que importam do Brasil.
E por fim, vale ressaltar, a relação conflituosa de Bolsonaro com a imprensa, desde a campanha eleitoral. O presidente mantém a mesma postura de candidato, mas esquece que já ocupa a cadeira de Presidente da República há mais de três meses. Deve estar sujeito a críticas e questionamentos sobre os seus projetos ou a falta deles. Precisa criar postura de Presidente. Imprensa não é inimiga. Se há crise no Governo, os fatos estarão no noticiário. Se há projetos apresentados, eles certamente ocuparão as manchetes para serem debatidos pela sociedade. Mas enquanto os fatos criados pelo Planalto sejam, por exemplo, a comemoração de um golpe militar, que torturou e matou milhares de pessoas, aí não se pode pensar em perspectiva de mudança do que aí está, não é verdade?