Diante de omissão no combate ao coronavírus, Palácio do Planalto tenta transferir o desgaste pelos 100 mil mortos para prefeitos e governadores
Indiferente ao fato do Brasil ter ultrapassado a marca de 100 mil mortes por Covid-19, o Governo Bolsonaro inicia uma estratégia de transferir a responsabilidade para governadores e prefeitos. Durante a pandemia, o presidente Bolsonaro quebrou todas as regras de distanciamento social, foi de encontro às recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS), recomendou uso de cloroquina em larga escala sem nenhuma comprovação de eficácia e ainda manteve um militar interinamente à frente do Ministério da Saúde, demonstrando total despreparo para o cargo. A testagem em massa da população, distribuição de respiradores e kits de UTI para os estados não saíram da promessa.
Agora, o Palácio do Planalto distribuiu a partidos da base aliada no Poder Legislativo uma espécie de ranking dos governos estaduais e municipais que apresentam o maior número de mortes e casos do novo coronavírus.
O documento, produzido pela Secretaria de Governo com dados do Ministério da Saúde, associa a contaminação pela doença a governadores e prefeitos, muitos deles adversários do presidente Jair Bolsonaro.
No documento, João Doria (PSDB), governador de São Paulo e principal adversário político do presidente da República, aparece em primeiro lugar no ranking de casos e óbitos. Ainda aparecem os governadores Eduardo Leite (PSDB), do Rio Grande do Sul, Rui Costa (PT), da Bahia, Romeu Zema (Novo), de Minas Gerais, e Carlos Moisés (PSL), de Santa Catarina. Entre os prefeitos citados na lista do Planalto, estão os de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), do Rio de Janeiro, Marcelo Crivella (PRB), de Salvador, ACM Neto (DEM), e de Fortaleza, Roberto Cláudio (PDT). O Distrito Federal aparece na lista, mas o nome do governador Ibaneis Rocha (MDB), aliado político de Bolsonaro, não é destacado, apesar dos 121,8 mil casos registrados na unidade federativa.
A isso se chama transferência de responsabilidade. O Governo Federal se omite no combate efetivo à pandemia.
