Eduardo Bolsonaro sofre pressão dos colegas deputados por entrega de dossiê de antifascistas a Embaixada dos Estados Unidos

  • 12/08/2020

A informação de que o deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, teria entregue informações de servidores e cidadãos brasileiros antifascistas aos Estados Unidos, gerou reação na Câmara Federal. Deputados de oposição que integram a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara encaminharam um ofício a Eduardo Bolsonaro, que preside o colegiado, pedindo esclarecimentos sobre a entrega do relatório às autoridades norte-americana. O dossiê foi feito pelo deputado estadual paulista Douglas Garcia (PTB-SP), aliado de primeira linha do Governo Bolsonaro, que afirmou que Eduardo Bolsonaro encaminhou o documento à Embaixada dos EUA no Brasil.

“Em nosso entender, se verdadeiro, este gesto se configura como endosso a uma iniciativa autoritária que imputa crimes sem provas e expõe dados pessoais de centenas de cidadãs e cidadãos brasileiros. Além de um desvio ético das atribuições parlamentares, a entrega deste dossiê aos EUA materializa uma lamentável subserviência àquele país, adversa aos fundamentos de nossa República e aos princípios que devem reger nossas relações internacionais, ambos expressos em nossa Constituição Federal”, dizem os parlamentares no documento.

Nesta terça-feira, dia 11 de agosto, o Ministério da Justiça também entregou o dossiê sobre servidores antifascistas à Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência. Em nota, o ministério afirmou que encaminhou “informações e documentos necessários para a realização da atividade de controle e fiscalização externos da atividade de inteligência”.

O Ministério da Justiça criou em junho um dossiê com nomes de 579 servidores federais e estaduais de segurança identificados como integrantes do “movimento antifascismo” e três professores universitários, um dos quais ex-secretário nacional de direitos humanos e atual relator da ONU sobre direitos humanos na Síria, todos críticos do governo de Jair Bolsonaro. O caso já chegou à ONU. Relatores da Organização das Nações Unidas foram informados e se debruçam sobre a conduta do Ministério da Justiça brasileiro, que pode colocar o Brasil em uma “lista suja” na entidade.