Entidades ambientais classificam discurso de Bolsonaro na ONU como “delirante” e que “isola ainda mais o Brasil do mundo”
Em discurso gravado para a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU), transmitido nesta terça-feira, dia 22 de setembro, o presidente Jair Bolsonaro voltou a culpar índios pelas queimadas no País, envolvendo a devastação na Amazônia e no Pantanal, e citou uma “campanha brutal” contra a política ambiental do seu governo.
A gestão ambiental do governo brasileiro é um dos principais motivos de críticas que o Brasil recebe da comunidade internacional. Desde o ano passado, entidades, países e personalidades contestam as políticas do País para o meio ambiente.
“Índios queimam em busca de sobrevivência. Focos criminosos são combatidos com rigor e determinação. Mantenho tolerância zero com crime ambiental”, disse Bolsonaro. O presidente ainda afirmou que, em 2019, o Brasil “foi vítima de um criminoso derramamento de óleo venezuelano, acarretando sérios prejuízos na atividade de pesca e turismo”.
As narrativas de Bolsonaro ganharam apoio nas redes sociais apenas dos seus fiéis apoiadores. Mas receberam críticas severas de internautas que apontam nos registros dos próprios institutos ambientais do País e do Exterior (ignorados por Bolsonaro), que mostram o impacto das queimadas e devastação no território brasileiro. Uma realidade já percebida a olho nu para quem mora nas regiões afetadas pelos incêndios.
O Observatório do Clima caracterizou o discurso como “delirante”, que “expõe o país de forma constrangedora” e confirma as preocupações de investidores internacionais. “Ao negar a realidade e não apresentar nenhum plano para os problemas que enfrentamos, é Bolsonaro quem ameaça nossa economia. O Brasil pagará durante muito tempo a conta dessa irresponsabilidade”, disse Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
O Greenpace diz que o discurso negacionista de Bolsonaro “envergonha o povo brasileiro e isola o Brasil do mundo”. A entidade cita dados do Global Florest Watch, que mostram que o Brasil foi o país que mais destruiu suas florestas em 2019 e que a situação se agravou neste ano.
A diretora executiva da Oxfam Brasil, Katia Maia, afirma que o Governo Bolsonaro se especializou em “disseminar a ‘pós-verdade’ para eximir-se da responsabilidade pelos graves problemas que o país enfrenta”.