Bolsonaro diz que acabou com a Lava Jato porque não há mais corrupção no Governo. Oposição aponta “cinismo” na fala do presidente
O presidente Jair Bolsonaro disse, durante lançamento do programa Voo Simples, no Palácio do Planalto, em Brasília, ter acabado com a Operação Lava Jato, porque, segundo ele, “não existe mais corrupção no governo”. Apesar da declaração de Bolsonaro, a prerrogativa de encerrar a Lava Jato não é do Poder Executivo, mas da Procuradoria-Geral da República (PGR). A possibilidade de encerramento da força-tarefa de Curitiba em janeiro de 2021, como previsto pela PGR, lança incertezas sobre o futuro de uma série de investigações ainda em andamento.
A oposição reagiu à fala do presidente. A deputada federal Erika Kokay (PT-DF), por exemplo, classificou a fala como “cinismo e deboche”. Ivan Valente, do PSOL, disse que procuradores da Lava Jato e o ex-juiz e ex-ministro Sérgio Moro fizeram de tudo para eleger Bolsonaro. “É a comédia mais sem graça que já se viu”, ressaltou.
“Bolsonaro desmanchou o Coaf; colocou o amigo do amigo dos filhos no comando da PF; pôs na PGR um inimigo da Lava Jato; forçou a demissão de Moro; mudou a Receita pra blindar o enriquecimento familiar; indicou pro STF um aliado do Centrão. O que acabou foi combate à corrupção”, afirmou Roberto Freire, presidente nacional do Cidadania.
O ex-juiz da Lava Jato Sergio Moro disse que “as tentativas de acabar com a Lava Jato representam a volta da corrupção”. Pelo Twitter, ele afirmou: “é o triunfo da velha política e dos esquemas que destroem o Brasil e fragilizam a economia e a democracia”. “Esse filme é conhecido. Valerá a pena se transformar em uma criatura do pântano pelo poder?”, questionou.
