Advogada de Flávio Bolsonaro revela ter recebido relatório da Abin para ajudar no processo sobre suposta rachadinha

  • 19/12/2020

Em entrevista à revista Época, uma das advogadas do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos) admitiu ter recebido um relatório produzido pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) para ajudar a defesa do parlamentar no processo de investigação de suposto esquema de rachadinha na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro.

A advogada Luciana Pires afirma que no material recebido havia recomendações do presidente da Abin, Alexandre Ramagem. “Não fiz nada. Não vou fazer nada do que ele (Ramagem) está sugerindo. Vou fazer o quê? Não está no meu escopo. Tem coisa que eu não tenho controle”, afirmou.

A Época publicou, no último dia 11 de dezembro, a informação de que o órgão fazia relatórios para orientar a defesa de Flávio Bolsonaro, o que configura improbidade administrativa.

Segundo a reportagem, a Abin detalhava o funcionamento da organização criminosa em atuação na Receita Federal, que teria supostamente feito um escrutínio ilegal nos dados fiscais para o relatório que gerou o inquérito das rachadinhas. O órgão também mostrava com detalhes o levantamento de informações necessárias para pedir a anulação do caso de Fabrício Queiroz.

Luciana lembra ainda que, em agosto, aconteceu reunião entre o presidente Jair Bolsonaro, os advogados de Flávio e o presidente da Abin, da qual saiu o relatório para deliberações sobre o caso.

Na última terça-feira, dia 15 de dezembro, após determinação da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármen Lúcia, Ramagem admitiu a existência da reunião com o jurídico do senador, mas que não houve ali os desdobramentos indicados.

Cerca de cinco agentes da Polícia Federal, parte deles envolvidos diretamente na segurança de Jair Bolsonaro durante as eleições de 2018, foram deslocados para a  Agência Brasileira de Inteligência (Abin) por determinação do diretor geral, Alexandre Ramagem. Revelação vem na esteira da revelação de que a Abin produziu documentos para ajudar a defesa do senador Flávio Bolsonaro a encerrar o processo que responde no caso das rachadinhas.