Lideranças do PT divergem sobre oposição à gestão de Sarto Nogueira em Fortaleza
O posicionamento do Partido dos Trabalhadores na esfera municipal em Fortaleza ainda segue em discussão e envolve divergências internas entre lideranças da legenda. Apesar da parceria entre o governador Camilo Santana (PT) com a Prefeitura de Fortaleza durante os dois mandatos de Roberto Cláudio (PDT), foram oito anos de oposição petista na Câmara Municipal.
Líder do PT no Parlamento da Capital, a vereadora Larissa Gaspar (foto) defende que o partido deve se manter na oposição ao governo do novo prefeito, José Sarto (PDT). Para Gaspar, é mais coerente estar do mesmo lado de parlamentares do PSOL numa oposição crítica e progressista a questões defendidas pelo grupo político pedetista.
Apesar de o PT ter apoiado a candidatura de Sarto no segundo turno contra Capitão Wagner (Pros), foi uma união movida principalmente pelo combate ao bolsonarismo, visto que Wagner era abertamente apoiado pelo presidente Jair Bolsonaro. Contudo, as tensões entre os Ferreira Gomes, Ciro e Cid, e o Partido dos Trabalhadores seguem fortes e alimentam o distanciamento em Fortaleza.
“O apoio teve objetivo de derrotar o projeto fascista do Bolsonaro em Fortaleza. Devemos continuar na oposição de uma forma madura, tranquila, sendo oposição crítica, propositiva, que cobra melhorias para o povo de Fortaleza”, disse a vereadora.
O deputado estadual e quadro experiente do PT no Ceará, Acrísio Sena (foto), tem posição contrária à defendida por Larissa Gaspar. Acrísio cobrou nesta quinta-feira, dia 10 de dezembro, durante sessão da Assembleia Legislativa, uma reflexão mais aprofundada sobre a relação que manterão com a gestão de José Sarto. “É preciso que dialoguem diretamente com o prefeito eleito. Fomos decisivos na vitória do Sarto no segundo turno e os dois partidos atuam juntos no governo de Camilo Santana”, alertou.
O contexto fortalezense que causa a questão dentro do PT envolve diretamente Luizianne Lins. Em 2012, a então prefeita de Fortaleza já estava rompida com os Ferreira Gomes, e teve o seu candidato à sucessão, Elmano de Freitas (PT), derrotado por Roberto Cláudio. Nas eleições deste ano, Luizianne ficou em terceiro lugar. A deputada federal e seus apoiadores reclamaram, ao longo do pleito, de ataques da campanha de Sarto direcionadas à sua candidatura.
A executiva do PT deve se decidir oficialmente sobre qual posição tomar sobre o mandato de Sarto, que se inicia a partir de 1º de janeiro de 2021, somente na próxima semana.
