Arthur Lira e Rodrigo Pacheco pressionam Bolsonaro por demissão do chanceler Ernesto Araújo. Presidente busca “saída honrosa”

  • 25/03/2021

A postura negacionista e o descontrole na gestão da pandemia de Covid-19 no Brasil pesam cada vez mais contra o governo de Jair Bolsonaro. No Congresso, as lideranças parlamentares do Centrão já não sustentam como em outros tempos a boa relação com a gestão bolsonarista. Na manhã desta quinta-feira, dia 25 de março, o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, foi à residência oficial do presidente para cobrar mudança de rumos na atuação do Itamaraty no combate à pandemia, colocando em xeque a permanência do chanceler Ernesto Araújo, responsável por muitas tensões diplomáticas.

Lira cobrou mais empenho estadista nas relações exteriores, principalmente nos diálogos com países como Estados Unidos e China. A “fritura” de Araújo já vem amadurecendo no Legislativo. Além do presidente da Câmara, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM), também reforça a pressão. Ambos os representantes do Congresso estiveram reunidos no início da semana com empresários brasileiros, que criticaram o governo federal por posturas ideológicas que trouxeram consequências graves à economia.

Arthur Lira também afirmou na última quarta-feira, dia 24, que, caso não haja uma mudança radical na condução da crise sanitária no País, o Legislativo usará de “remédios políticos amargos” contra a presidência, deixando evidente a ameaça de CPIs e abertura do processo de impeachment.

O posicionamento mais duro de Arthur Lira – eleito neste ano para a presidência como candidato apoiado por Bolsonaro – veio após a reunião de criação do comitê entre os três poderes para gestão do combate à Covid-19, da qual nenhuma ação mais eficiente diante do grave cenário da pandemia foi anunciado. Pelo contrário, o presidente reafirmou sua postura favorável a tratamentos precoces não recomendados por cientistas e autoridades da Saúde. Em sua defesa, nesta quinta-feira, o chefe executivo disse ser um “velho amigo de parlamento” de Lira e que está “tudo normal” entre governo e presidência do Parlamento.