Discurso de Bolsonaro na Cúpula do Clima muda em menos de 24 horas. Orçamento para meio ambiente sofre corte de R$ 240 milhões

  • 24/04/2021

Não foram necessárias nem 24 horas para que o discurso do presidente Jair Bolsonaro na Cúpula dos Líderes do Clima viesse “por água abaixo”. Depois de defender a necessidade de diminuir o desmatamento na Amazônia, Bolsonaro assinou no dia seguinte o Orçamento da União para 2021 com um corte de R$ 240 milhões de reais. Para os investidores internacionais, a promessa era de dobrar os recursos para a fiscalização ao desmatamento. Pura balela. Desde que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, assumiu a pasta, os órgãos ambientais só tem sofrido cortes de verba e sucateamento. A ordem é deixar “a boiada passar” e pedir mais dinheiro aos Estados Unidos e União Europeia. Salles diz que é uma “compensação pelos esforços” para manter a Amazônia.

Se já não bastassem os prejuízos ambientais que impedem o acesso a ajuda financeira internacional, ainda tem o descaso com a pandemia da Covid-19.

O embaixador e ex-ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, traça um cenário de isolamento do Brasil em relação ao resto do mundo. “O Brasil é um pária internacional, é uma ameaça para os vizinhos e é visto dessa maneira. A simples ameaça, o crescimento dessas críticas ao Brasil, de que ele é uma ameaça para o mundo, isso de repente faz pensar em questões do tipo intervenção humanitária, coisas desse tipo. Nunca se poderia cogitar que isso se pensasse em relação ao Brasil, e começa a ser cogitado”, avalia.

Para Celso Amorim, a economia brasileira também será afetada. “Vai atingir também os produtos brasileiros. As pessoas vão pensar duas vezes antes de comprar um produto do Brasil”, ressalta.