Efeito Lula põe mais pressão sobre Bolsonaro quanto ao trato com a pandemia. Aceno do petista ao centro deixa adversários em alerta

  • 02/04/2021

Em entrevista ao jornalista Reinaldo Azevedo, na Bandnews FM, nesta sexta-feira, dia 1° de abril, o ex-presidente Lula deixou claro que, se decidir ser o candidato do PT em 2022, não vai medir esforços para fechar um arco de alianças capaz de derrubar o atual presidente Jair Bolsonaro. “Tenho certeza que vamos construir alianças no setor de esquerda e, se for preciso chegar no centro para ganhar as eleições, a gente vai chegar”, afirmou Lula.

Esta semana, o “Manifesto pela Consciência Democrática” assinado pelo ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM); pelo apresentador de TV, Luciano Huck; pelos ex-candidatos presidenciais em 2018, Ciro Gomes (PDT) e João Amoêdo (Novo) e pelos governadores tucanos João Doria (SP) e Eduardo Leite (RS) pediu respeito a democracia pelo presidente Bolsonaro. Na entrevista, Lula não deixou de lembrar que este grupo em 2018 preferiu se alinhar e até votar em Bolsonaro do que optar por Fernando Haddad. “Sou favorável e aplaudo qualquer manifesto que defenda a democracia, agora todos esses tiveram a chance de garantir a democracia votando no Haddad. Essa gente preferiu votar no Bolsonaro. Ou seja, você faz um manifesto e sequer reconhece o erro? O Ciro só foi para Paris, não votou”, disse o petista.

Mas o ponto alto da conversa com Reinaldo Azevedo, sem dúvida, foi a cobrança incisiva que Lula fez para que Jair Bolsonaro mude a sua postura diante da pandemia da Covid-19. “Quando é que você (Bolsonaro) vai assumir a responsabilidade de parar de brincar e governar esse País?”, perguntou Lula. E acrescentou: “Estamos vivendo um genocídio. Não um genocídio de estado como foi o genocídio contra os negros ou contra os indígenas, porque é um genocídio praticado pela irresponsabilidade de um único homem, que brinca com a doença, que zomba da doença, que inventa remédio”.

Lula não quer admitir no momento, mas é mais candidato à presidente do que nunca. E liberado pela Justiça Eleitoral, já mostrou que sabe fazer alianças como poucos.