Ex-secretário de Comunicação revela que oferta de doses da Pfizer ficou dois meses sem resposta do Governo Federal

  • 12/05/2021

Em dia tenso na CPI da Covid, nesta quarta-feira, dia 12 de maio, o ex-secretário de Comunicação da Presidência da República, Fabio Wajngarten, revelou que a carta enviada pela Pfizer com oferta de doses da vacina ao País ficou dois meses sem resposta por parte do Governo Federal. Segundo o publicitário, ele mesmo foi atrás de prestar um retorno à empresa norte-americana sobre a proposta, e que nenhum dos destinatários diretos do documento apresentou retorno algum.

“A carta foi enviada dia 12 de setembro. O dono de um veículo de comunicação me avisa em 9 de novembro que a carta não foi respondida. Nesse momento, envio um e-mail ao presidente da Pfizer. Quinze minutos depois, o presidente da Pfizer no Brasil, eu liguei para Nova York, me responde. Ele me diz: ‘Fabio, obrigado pelo seu contato’”, contou.

A Pfizer divulgou nota, no mês de janeiro deste ano, afirmando que ofereceu ao governo brasileiro a chance de compra de 70 milhões de doses do imunizante contra a Covid-19 ainda em agosto de 2020, com entrega prevista já para dezembro do mesmo ano. A carta foi endereçada ao presidente Jair Bolsonaro, ao vice-presidente, Hamilton Mourão, o então ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, o então ministro da Casa Civil, Braga Netto, ao ministro da Economia, Paulo Guedes, e ao embaixador do Brasil para os Estados Unidos, Nestor Foster.

Ao longo de seu depoimento, diferente do que disse em entrevista à revista Veja em abril, Wajngarten disse que a falta de vacinas não se deu pela “incompetência” de Pazuello e da equipe do Ministério da Saúde, e também negou a existência de um aconselhamento paralelo na Presidência. A mudança do discurso gerou revolta por parte dos senadores. O relator da CPI, Renan Calheiros (MDB), sugeriu pedir ao veículo de comunicação o áudio da entrevista e chegou a ameaçar prisão de Wajngarten, caso fosse comprovado que este estivesse mentindo para a comissão.

Wajngarten também foi bastante criticado pelos senadores por afirmar não saber “medir o impacto de uma fala do presidente”, além de sustentar que não sabia quais agências cuidavam da comunicação de cada pasta e representante bolsonarista. Em meio à pressão por resposta dos senadores, o senador cearense Eduardo Girão (Podemos) partiu em defesa do ex-secretário, afirmando que ele estava sendo “humilhado” pela CPI. Em resposta, o presidente da comissão, Omar Aziz (PSD), disse que “humilhação é o povo não ter dinheiro para comer”.