Executivo da Pfizer diz na CPI que Brasil poderia ter 1,5 milhão de doses da vacina em 2020, mas Governo Bolsonaro não aceitou
O gerente-geral da Pfizer para a América Latina, Carlos Murillo, depôs nesta quinta-feira, dia 13 de maio, na CPI da Covid, no Senado Federal. Em sua fala, o executivo da empresa farmacêutica multinacional confirmou que o Governo Federal não aceitou propostas para compra de 70 milhões de doses do imunizante contra a Covid-19, oferecidas entre agosto e setembro de 2020. Murillo revelou que, caso o acordo tivesse ocorrido, o Brasil receberia 1,5 milhão de doses ainda em dezembro do ano passado.
“As propostas foram todas formalizadas através de documentos enviados ao Ministério da Saúde”, detalhou o gerente. “Na oferta de agosto tinha uma validade de 15 dias. Passados esses 15 dias, o governo nem aceitou, nem rejeitou a oferta. Não tivemos resposta positiva, nem negativa”. O CEO da empresa revelou ainda que Carlos Bolsonaro, vereador do Rio de Janeiro e filho do presidente, participou das reuniões para discussão de aquisição da vacina com representantes do governo.
De acordo com Carlos Murillo, não houve dificuldade alguma imposta pela Pfizer para o acordo, apenas a falta de decisão por parte do governo de Jair Bolsonaro, na época com Eduardo Pazuello à frente do Ministério da Saúde. “A Pfizer exigiu a todos os países as mesmas condições que ofereceu ao Brasil”, pontuou.
Os parlamentares aprovaram, neste dia de trabalho da CPI, a convocação da médica cearense Mayra Pinheiro, secretária de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde, que ficou conhecida como “capitã cloroquina” por defender institucionalmente o uso do medicamento no tratamento contra Covid e difundi-lo pelo País. Outra defensora da cloroquina e acusada de buscar a alteração da bula do medicamento, a médica Nise Yamaguchi também receberá o convite do colegiado.
Ainda durante os trabalhos da comissão, o clima esquentou quando o relator Renan Calheiros (MDB) fez críticas ao presidente Jair Bolsonaro por este ir ao Alagoas nesta quinta “inaugurar obra já inaugurada, apenas para atacar a CPI”. O momento foi seguido de intenso bate-boca entre os senadores de oposição e governistas.