Mayra Pinheiro reafirma defesa de cloroquina e diz que Ministério da Saúde orientou tratamento precoce
A secretária de Relações do Trabalho do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, prestou depoimento nesta terça-feira, dia 25 de maio, para a CPI da Covid, no Senado Federal. Defensora e disseminadora do uso da cloroquina no combate ao coronavírus, a médica cearense sustentou a defesa do medicamento diante dos parlamentares, mesmo sem comprovação científica da eficácia dos insumos. Mayra afirmou ainda que o Ministério da Saúde orientou o uso de tratamento precoce contra Covid-19 para médicos de todo o país.
A ineficácia do tratamento precoce e da cloroquina é apontada pela Organização Mundial da Saúde. Mayra Pinheiro disse que a agência internacional seguiu “estudos com protocolos falhos” para contraindicar o uso da cloroquina nos casos de Covid-19. “O Brasil não é obrigado a seguir a OMS”, respondeu aos senadores.
Ao falar do colapso em Manaus, a médica contradisse o depoimento do ex-ministro da Saúde, Eduardo Pazuello. Enquanto Pazuello defendeu na CPI que havia sido informado sobre a falta de oxigênio na cidade apenas no dia 10 de janeiro, Mayra alegou que o ministério foi avisado dois dias antes, em 8 de janeiro. Além disso, Mayra negou que o aplicativo TrateCov – que indicava tratamento precoce a pacientes com sintomas – tenha sido hackeado, conforme Pazuello relatou. Mayra negou que o governo tenha responsabilidade pelo ocorrido em Manaus, e culpou o vírus pela situação.
As afirmações e defesas de Mayra Pinheiro revoltaram parte dos senadores da CPI. O relator da comissão, Renan Calheiros (MDB), acusou contradições e informações falsas no discurso da secretária, destacando que ela não levou ao Senado nenhum estudo, pesquisa ou publicação feitos na área de infectologia que tratam do tratamento precoce.
Médico, o senador Otto Alencar (PSD) repreendeu a colega de categoria, definindo como “absurdo” o uso de medicação que não tem efeitos antivirais. “Minha discordância não é política, mas sim científica. Não há antiviral até agora que possa controlar a doença”. Otto perguntou à médica pediatra, que também foi lembrada de não ter nenhuma especialidade em infectologia, se a vacina era ou não a única forma realmente eficiente para evitar as doenças. Ela afirmou que sim.