Alexandre de Moraes retira sigilo de inquérito sobre atos contra a democracia de 2020. Pedido da PGR para arquivar a investigação gera questionamento sobre parcialidade de Augusto Aras

  • 08/06/2021

As investigações dos atos antidemocráticos envolvendo aliados do presidente Jair Bolsonaro seguirão com novos capítulos. O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, levantou o sigilo sobre os autos do inquérito e exigiu que a Procuradoria-geral da República (PGR) esclareça o pedido de arquivamento da apuração de parlamentares bolsonaristas na organização dos eventos de 2020, feito no último dia 4 de junho.

Moraes afirmou ainda que é necessário saber o que se tem na investigação que deve ser repassada a outras instâncias da Justiça, visto que a PGR aponta que o processo deve seguir na Justiça Federal e na Justiça Estadual. O argumento da PGR, em parecer assinado pelo vice-procurador-geral Humberto Jacques de Medeiros, é de que a Polícia Federal não conseguiu delimitar o inquérito.

Sobre a quebra de sigilo, o ministro do STF justifica que não há motivos para se manter “total restrição de publicidade”, pois o relatório da Polícia Federal sobre o caso foi apresentado em dezembro ao Supremo.

Na investigação, a Polícia Federal identificou que uma rede de contas falsas no Facebook para articulação dos atos antidemocráticos foi operada diretamente de um dos endereços ligados ao presidente, no Palácio do Planalto, e na casa de Bolsonaro, na Barra da Tijuca.

A situação ocorre em um contexto no qual o procurador-geral da República, Augusto Aras, encontra-se isolado no Ministério Público Federal, devido a desgastes internos e acusações de omissão na fiscalização de atos envolvendo a família Bolsonaro e seus aliados mais próximos. Segundo reportagens que apontam os bastidores do Planalto, o presidente tem em Aras uma figura da qual não abre mão à frente da PGR. Augusto Aras é forte candidato a uma nova vaga no Supremo Tribunal Federal e tenta a todo o custo agradar o presidente Jair Bolsonaro.