CPI da Covid: deputado afirma que Bolsonaro ligou compra irregular da Covaxin ao nome do líder do Governo, Ricardo Barros

  • 26/06/2021

No depoimento mais tumultuado da CPI da Covid, nesta sexta-feira, dia 25 de junho, o deputado federal Luis Miranda (DEM) alegou que o presidente Jair Bolsonaro citou o nome do seu líder de governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros (PP), como alguém ligado ao caso de irregularidades e indícios de corrupção na compra da vacina indiana Covaxin. O envolvimento de Barros na denúncia de superfaturamento deixa a situação de Bolsonaro ainda mais complicada na CPI da Covid.

De início, Miranda omitiu o nome de Barros. Ele garantiu na oitiva que teve a conversa sobre o assunto com o presidente no dia 20 de março, no Palácio da Alvorada.

“O presidente entendeu a gravidade (do caso da Covaxin). Olhando os meus olhos, ele falou: ‘Isso é grave’. Ele até citou um nome para mim, dizendo: ‘Isso é coisa de fulano’. E falou: ‘Vou acionar o Diretor-Geral da Polícia Federal, porque, de fato, Luis, isso é muito grave”, disse o deputado federal.

Nos bastidores da comissão, o nome de Ricardo Barros já circulava. Apenas após pressão dos  parlamentares Alessandro Vieira (Cidadania) e Simone Tebet (MDB), Miranda resolveu liberar a informação. “Foi Ricardo Barros! Que presidente é esse que tem medo de quem está fazendo o errado?”, indagou.

Logo após ser citado, Barros lançou nota afirmando não ter nenhuma ligação com o caso da compra das doses do imunizante indiano por R$ 1,6 bilhão. “Não sou esse parlamentar citado, a investigação provará isso”.

Responsável por apontar pressões sobre o Ministério da Saúde para a compra da Covaxin, o servidor federal e irmão de Miranda, Luis Ricardo, também depôs na CPI. Ele afirmou que a funcionária da pasta, Regina Célia, foi responsável pelo aval para importação da Covaxin. Ricardo também disse que levou à Bolsonaro os nomes envolvidos nos tramites com a fornecedora da vacina.

Segundo o senador Randolfe Rodrigues (Rede), Célia foi nomeada por Ricardo Barros quando este era ministro da Saúde. Barros também negou esta denúncia.