CPI da Covid: infectologista Luana Araújo diz que tratamento precoce é “discussão delirante”
Em depoimento para a CPI da Covid, nesta quarta-feira, dia 2 de junho, no Senado Federal, a médica infectologista Luana Araújo se posicionou contrária ao tratamento precoce contra Covid-19 e disse que vê irresponsabilidade na elaboração de política pública com a formalização do uso de cloroquina e outros remédios sem eficácia comprovada no combate à pandemia.
“Todos nós somos favoráveis a uma terapia precoce que exista. Quando ela não existe, não pode ser uma política de saúde pública. Essa é uma discussão delirante, esdrúxula, anacrônica e contraproducente”, disse Araújo aos senadores da comissão. “É como se estivéssemos discutindo de que borda da terra plana vamos pular. Não tem lógica”, completou.
A médica chegou a ser anunciada, neste ano, como a nova secretária de Enfrentamento à Covid pelo ministro da Saúde, Marcelo Queiroga. No entanto, seu nome acabou desaprovado no Planalto. Luana afirmou desconhecer os motivos de o Governo Bolsonaro não ter levado adiante a sua indicação para o cargo. Mas ficou claro que o fato dela condenar o chamado “tratamento precoce” desagradou o presidente Jair Bolsonaro.
Sobre a autonomia de médicos na hora de receitar medicamentos contra a Covid-19, a infectologista expôs que considera errado parte da categoria colocar em prática procedimentos não indicados cientificamente. “Autonomia médica faz parte da nossa prática, mas não é licença para experimentação. É preciso ser defendida sobre os pilares do conhecimento científico, da ética e da responsabilização”.
O senador cearense Eduardo Girão (Podemos) apresentou gráficos para tentar provar a existência de fundamentos para o tratamento precoce e colocar sob dúvida as decisões da Organização Mundial da Saúde. Em resposta, Luana Araújo afirmou que os dados levados à comissão pelo senador estavam errados. “O senhor pode ignorar a OMS, mas vai ter que ignorar a FDA (agência federal de Saúde dos Estados Unidos) e todas as entidades internacionais que têm a mesma posição sobre o tratamento precoce”.
