CPI da Covid: médica Nise Yamaguchi defende tratamento precoce, mas nega tentativa de mudar a bula da cloroquina
Em depoimento para CPI da Covid nesta terça-feira, dia 1º de maio, no Senado Federal, a médica Nise Yamaguchi garantiu que se posiciona favorável ao tratamento precoce contra Covid-19 com medicamentos como hidroxicloroquina, afirmando ser algo em “uma ciência bastante profunda”, mesmo sem comprovação científica real de eficácia do medicamento em todo o mundo e sem recomendação da Organização Mundial de Saúde (OMS).
Mesmo com a defesa dos medicamentos, a depoente adotou estratégia de negar qualquer envolvimento direto com ações do governo diante da pandemia e dar respostas evasivas. Nise disse que não integrou um “ministério paralelo” da Saúde no governo Bolsonaro e também alegou não ter existido a ideia de mudar a bula da cloroquina no País. “Eu não fiz nenhuma minuta. Eu não falava de bula, mas sim da possibilidade de disponibilização do medicamento”, justificou.
Ainda sobre ter feito aconselhamento paralelo ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido), a médica afirmou que participou de encontros oficiais, como conselheira, na presença de representantes federais. A sua versão contradiz os depoimentos do ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, e do presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antonio Barra Torres.
O presidente da CPI, Omar Aziz (PSD), fez críticas ao posicionamento de Nise em defesa da cloroquina contra o coronavírus. E perdeu a paciência quando a médica reduziu a importância da vacina e afirmou que a imunidade rebanho deveria ser adotada. “Eu peço que desconsiderem essas questões que ela disse aqui em relação à vacina. Ela não está certa”, disse o senador. Aziz também sugeriu uma futura acareação, juntando a médica, Mandetta e Barra Torres na CPI.
O médico e senador, Otto Alencar (PSD), também foi enfático contra as falas da convidada, questionando tecnicamente o embasamento dela para defender o tratamento precoce com cloroquina. “Pode buscar nos livros que a senhora tem aí. A senhora não sabe nada de infectologia. Não estudou. De médicos audiovisuais esse plenário está cheio”, acusou.