Reverendo confirma na CPI da Covid que intermediou negociação suspeita de vacinas com Governo Federal
Em depoimento à CPI da Covid nesta terça-feira, dia 3 de agosto, o reverendo Amilton Gomes de Paula confirmou que foi responsável por fazer a ponte entre Davati Medical Supply e Ministério da Saúde para a negociação suspeita do lote de 400 milhões de doses da vacina AstraZeneca, que teria envolvido pedido de propina.
Diante dos senadores, Amilton pediu “desculpas ao Brasil” por ter se envolvido nas tratativas entre o policial militar e representante da Davati, Luiz Paulo Dominguetti, e o então diretor do departamento de logística do Ministério da Saúde, Roberto Dias, que foi denunciado por Dominguetti ao supostamente pedir US$ 1 de propina por dose negociada. Ao admitir a versão, o reverendo chorou e afirmou estar arrependido de ter participado do episódio.
No entanto, Amilton não colaborou com informações concretas sobre os tramites realizados na oferta e recusas de vacinas com os quais esteve conectado, o que irritou os parlamentares da comissão. Omar Aziz, em determinado ponto, criticou falas em que Amilton tentou se desvincular de ligações diretas com membros do governo Bolsonaro e afirmou não ter lobby na Saúde.
“Vêm prefeitos para cá, querem ir ao ministério, e a gente não consegue levar. Agora o senhor sai num Uber, num táxi, chega ao ministério e é recebido no ministério? Me desculpe, reverendo, mas não dá para acreditar nisso”, disse Aziz.
Ainda nesta terça-feira, a CPI da Covid aprovou o total de 130 requerimentos, dentre estes, o pedido de afastamento de Mayra Pinheiro da titularidade da Secretaria de Gestão do Trabalho e da Educação do Ministério da Saúde e a quebra de sigilos de nomes ligados aos indícios de corrupção na negociação de doses da Covaxin e AstraZeneca, como é o caso do líder do Governo na Câmara dos Deputados, Ricardo Barros. O coronel Elcio Franco, do Ministério da Saúde, também será reconvocado para prestar novos esclarecimentos na CPI.