Bolsonaro faz festa com aliados no Ceará, mas se cala sobre denúncias no Ministério da Educação. PGR anuncia investigação sobre o caso
O presidente Jair Bolsonaro passou por Quixadá, no Sertão Central do Ceará, nesta quarta-feira, dia 23 de março. Andou na garupa de uma moto sem capacete, ensaiou vaia cearense e festejou entre aliados políticos. Clima de campanha eleitoral antecipada. Mas se calou quanto o assunto foi as denúncias envolvendo o ministro da Educação, Milton Ribeiro, que num áudio vazado diz estar priorizando liberação de verbas do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE) para prefeituras por intermédio de dois pastores, que nem são servidores do Ministério. Bolsonaro preferiu repetir para o público o discurso de que em seu governo não tem corrupção, apesar dos inúmeros casos já denunciados por órgãos fiscalizadores e opositores. Na Procuradoria Geral da República não faltam denúncias na mesa do procurador Augusto Aras.
Sobre o caso de tráfico de influência envolvendo os pastores Arilton Moura e Gilmar Santos, Bolsonaro preferiu ficar calado. O trânsito dos dois no Palácio do Planalto e no Ministério da Educação mostram privilégios que incluem até caronas em jatinho da FAB e cargo comissionado na Câmara Federal.
A saída do ministro Milton Ribeiro vem sendo cobrada até por lideranças evangélicas que são aliadas do presidente Jair Bolsonaro, mas o Planalto teme ainda mais desgaste com a campanha eleitoral. O Centrão também não está nada satisfeito com a descoberta de um “gabinete paralelo” no Ministério da Educação.
O certo é que o procurador-geral da República, Augusto Aras, diante das evidências, resolveu pedir autorização ao Supremo Tribunal Federal (STF) para instaurar inquérito sobre os áudios em que o ministro da Educação aparece descrevendo suposto favorecimento a pedidos de pastores na concessão de verbas públicas.