Moro nega vazamentos, deixa de responder perguntas e vai embora de audiência na Câmara após bate-boca
Terminou em confusão e bate-boca a audiência do ministro da Justiça, Sérgio Moro, na Câmara dos Deputados, em Brasília, nesta terça-feira, dia 2 de julho. Moro usou a mesma estratégia utilizada na audiência do Senado. Descredenciou o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, que revelou os vazamentos, fugiu de várias perguntas de parlamentares, considerou mais uma vez normal trocar informações do processo acusatório com o Ministério Público, através de indicações de provas e testemunhas, além de ir embora da audiência antes do término da sessão, quando havia dezenas de deputados inscritos para fazer perguntas ao ministro.
Acusado de parcialidade por deputados de oposição, Moro repetiu que não pode dizer se conteúdo é verdadeiro, pois não tem mais os arquivos divulgados. No entanto, não entra no mérito do seu procedimento como juiz na condução do processo do ex-presidente Lula, que posteriormente ainda resultou em um convite para assumir o Ministério da Justiça no Governo Bolsonaro. Chegou até a afirmar na sessão que “não protagonizou a Lava Jato”. Classificou as mensagens como “ataque político-partidário” com o objetivo de tentar anular condenações da Lava Jato. A sessão foi interrompida depois que o deputado Glauber Braga (PSOL-RJ) afirmou que Moro “vai estar sim nos livros de história, vai estar como um juiz que se corrompeu, com um juiz ladrão”. Moro saiu escoltado da sala de audiência, por volta de 21h40min.
O ex-juiz também recebeu críticas da imprensa estrangeira após a notícia de que a Polícia Federal investiga a vida financeira o jornalista Glenn Greenwald. A PF está subordinada ao Ministério da Justiça, ao qual Moro é o ministro.
Após a ameaça, o jornalista norte-americano reiterou que ameaças de Moro não intimidarão a divulgação de novas denúncias. “Nenhuma intimidação ou ameaça interromperá as reportagens. Ameaças do Estado só servem para expor seu verdadeiro rosto: abuso do poder – e por que eles precisam de transparência de uma imprensa livre”, disse.