Denúncia de procurador do MPF contra jornalista Glenn Greenwald ameaça liberdade de imprensa
Denúncia assinada pelo procurador da República, Wellington Divino de Oliveira, nesta terça-feira, dia 21 de janeiro, inclui sete pessoas por suposta “invasão de celulares de autoridades”. Um dos denunciados é o jornalista Glenn Greenwald, editor do site The Intercept, que não foi indiciado e sequer investigado pela Polícia Federal. No relatório do delegado da PF, Luiz Flávio Zampronha, não há evidências de que o jornalista tenha participado dos crimes investigados no hackeamento contra autoridades da Lava Jato. “É uma tentativa óbvia de atacar a imprensa livre em retaliação pelas revelações que relatamos sobre o ministro Moro e o governo Bolsonaro”, respondeu Glenn Greenwald, após saber da denúncia do MPF.
A iniciativa do procurador do Ministério Público Federal repercute negativamente nos meios políticos, do próprio Judiciário e nas entidades de imprensa de todo o País.
O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, afirmou que a denúncia do MPF contra Glenn Gleenwald é um ato “problemático” e “perigoso” por se tratar de situação que pode cercear a liberdade de expressão.
A Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) afirmou que a denúncia do MPF contra Glenn se baseia em interpretação distorcida das conversas do jornalista com sua fonte. A OAB nacional disse em nota que “acompanha com grande preocupação a denúncia”.
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia classificou a denúncia contra o jornalista como um ataque à liberdade de imprensa. “Jornalismo não é crime. Sem jornalismo livre não há democracia”, disse Rodrigo Maia.
As criticas contra o procurador do MPF que fez a denúncia não param por aí. Com base no direito constitucional do sigilo da fonte, decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), concedeu habeas corpus proibindo que o jornalista Glenn Greenwald fosse investigado pelas mensagens publicadas em reportagens da Vaza Jato, no The Intercept Brasil.