Com pressão insustentável no Governo Bolsonaro, Ernesto Araújo pede demissão nas Relações Exteriores. Substituto pode ser igual ou pior, dizem parlamentares
Fim da linha para Ernesto Araújo no governo de Jair Bolsonaro. Classificado pelo presidente como o seu “homem de confiança”, o chanceler pediu demissão do comando do Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira, dia 29 de março, após muita pressão do Congresso diante das graves tensões diplomáticas nas quais o País se afundou ao longo de dois anos. Segundo apuração de reportagem da Globo, Ernesto avisou da decisão a Bolsonaro e assessores próximos. A saída do ministro significa uma grande derrota para o bolsonarismo, e cerca ainda mais o presidente na crise instaurada no Planalto.
Um dos nomes mais cotados para a vaga de Ernesto, no momento, é o do embaixador do Brasil em Paris, Luís Fernando Serra. Ele é visto por parlamentares como tão ou mais radical que Ernesto Araújo. A avaliação é que Luís Fernando Serra é contra os direitos humanos e também não tem perfil para manter bom relacionamento com outros países.
O desgaste final envolvendo o ministro Ernesto Araújo veio com a senadora Kátia Abreu, que foi alvo de ataque de Ernesto Araújo nas redes sociais no qual a acusava de tentar comprá-lo por lobby a favor da China na tecnologia 5G. Em resposta, Abreu afirmou que o Brasil “não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal”.
A saída de Araújo foi defendida como prioridade para parlamentares federais, sendo considerada fundamental para que o Brasil avance na reconstrução de boas relações com China e Estados Unidos e, assim, chegue a negociações por vacinas e insumos no combate à Covid-19. Na semana passada, a investida veio dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM). Além de deputados e senadores, empresários também articularam movimento contra a permanência do ministro, na cobrança por um cenário melhor para o mercado.
Discípulo de Olavo de Carvalho e um dos ícones na ideologia bolsonarista, o chanceler deixa o governo federal como uma passagem desastrosa pelo Itamaraty. O ministro se dedicou a promover acusações com fake news e criar uma série de atritos com a China, principal parceiro comercial do Brasil, além de se alinhar por completo ao discurso do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derrotado por Joe Biden em 2020.