Com pressão insustentável no Governo Bolsonaro, Ernesto Araújo pede demissão nas Relações Exteriores. Substituto pode ser igual ou pior, dizem parlamentares

  • 29/03/2021

Fim da linha para Ernesto Araújo no governo de Jair Bolsonaro. Classificado pelo presidente como o seu “homem de confiança”, o chanceler pediu demissão do comando do Ministério das Relações Exteriores nesta segunda-feira, dia 29 de março, após muita pressão do Congresso diante das graves tensões diplomáticas nas quais o País se afundou ao longo de dois anos. Segundo apuração de reportagem da Globo, Ernesto avisou da decisão a Bolsonaro e assessores próximos. A saída do ministro significa uma grande derrota para o bolsonarismo, e cerca ainda mais o presidente na crise instaurada no Planalto.

Um dos nomes mais cotados para a vaga de Ernesto, no momento, é o do embaixador do Brasil em Paris, Luís Fernando Serra. Ele é visto por parlamentares como tão ou mais radical que Ernesto Araújo. A avaliação é que Luís Fernando Serra é contra os direitos humanos e também não tem perfil para manter bom relacionamento com outros países.

O desgaste final envolvendo o ministro Ernesto Araújo veio com a senadora Kátia Abreu, que foi alvo de ataque de Ernesto Araújo nas redes sociais no qual a acusava de tentar comprá-lo por lobby a favor da China na tecnologia 5G. Em resposta, Abreu afirmou que o Brasil “não pode mais continuar tendo, perante o mundo, a face de um marginal”.

A saída de Araújo foi defendida como prioridade para parlamentares federais, sendo considerada fundamental para que o Brasil avance na reconstrução de boas relações com China e Estados Unidos e, assim, chegue a negociações por vacinas e insumos no combate à Covid-19. Na semana passada, a investida veio dos presidentes da Câmara, Arthur Lira (PP), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM). Além de deputados e senadores, empresários também articularam movimento contra a permanência do ministro, na cobrança por um cenário melhor para o mercado.

Discípulo de Olavo de Carvalho e um dos ícones na ideologia bolsonarista, o chanceler deixa o governo federal como uma passagem desastrosa pelo Itamaraty. O ministro se dedicou a promover acusações com fake news e criar uma série de atritos com a China, principal parceiro comercial do Brasil, além de se alinhar por completo ao discurso do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, derrotado por Joe Biden em 2020.