CPI da Covid: Mandetta diz que seguiu a ciência e teve suas recomendações sanitárias ignoradas por Bolsonaro

  • 04/05/2021

O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, depôs nesta terça-feira, dia 4 de maio, na CPI da Covid realizada no Senado Federal para investigar ações e omissões do governo Bolsonaro na gestão de crise sanitária decorrente da pandemia no Brasil. Primeiro a ser interrogado pelos parlamentares na comissão, Mandetta afirmou que foi rejeitado pelo presidente Jair Bolsonaro por seguir orientações com base na ciência e nas determinações das autoridades de Saúde.

O senador cearense Tasso Jereissati (PSDB) perguntou sobre qual teria sido a argumentação de Bolsonaro para rebater as medidas de isolamento social defendidas por Mandetta ao longo de sua passagem pelo Ministério da Saúde. O ex-ministro afirmou que alertou por diversas vezes o presidente sobre a necessidade de tomar medidas rígidas contra a disseminação do contágio do coronavírus, sob o risco das unidades hospitalares sofrerem colapso em todo o território nacional.

“Nós tínhamos uma caminhada com as orientações de instituições históricas da área da Saúde. As evidências científicas têm que ser a base para a tomada de decisões. Eu alertei ao presidente Bolsonaro (sobre a importância de seguir as recomendações científicas pelo isolamento social). Ele tinha outras pessoas que diziam o contrário, que eu estava errado. Foi uma decisão dele. Eu sentia que era, para o presidente, o mensageiro das más notícias”, respondeu.

Mandetta também revelou que ele se opôs ao uso de cloroquina, e qualquer outro medicamento sem eficácia comprovada, em tratamento preventivo contra o coronavírus. Contudo, ele afirmou que o presidente chegou a colocar sob a mesa “um papel não timbrado de um decreto presidencial para que fosse sugerido que se mudasse a bula da cloroquina na Anvisa”.

Sobre as vacinas, o ex-titular do Ministério garantiu que, durante sua passagem no cargo, não houve oferta concreta de doses de imunizantes contra a Covid-19, caso contrário “teria ido atrás como um prato de comida”. Mandetta aproveitou as respostas para destacar a importância do Sistema Único de Saúde (SUS) no atendimento da população neste grave cenário de casos do vírus no País.