CPI da Covid: Ernesto Araújo afirma que Itamaraty buscou importação de insumos para cloroquina com aval de Bolsonaro
Em seu depoimento na CPI da Covid nesta terça-feira, dia 18 de maio, no Senado Federal, o ex-ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, admitiu que o governo brasileiro buscou ajuda no exterior para garantir insumos para o uso de cloroquina no tratamento contra a Covid-19. O ex-chanceler disse que o Itamaraty buscou viabilizar a importação dos materiais sob orientação do Ministério da Saúde e confirmou participação direta do presidente Jair Bolsonaro.
Araújo contou que, em março de 2020, houve uma “grande corrida” pelos insumos, com “uma expectativa de que houvesse eficácia no uso da cloroquina para o tratamento da Covid”. O ex-ministro revelou que já estava certa a importação pela Índia, mas o país acabou por bloquear as exportações. O medicamento procurado pelo Governo Federal é comprovadamente ineficaz contra o coronavírus e tem o uso condenado pela Organização Mundial de Saúde e, no Brasil, pela Associação Médica Brasileira (AMB).
O depoente afirmou ainda que o Ministério da Saúde foi responsável pela decisão de contratar a quantidade mínima de doses de vacina contra Covid-19 no consórcio Covax Facility (42 milhões de doses, corrspondente a 10% da população), recusando a oportunidade de ter garantido lotes suficientes para vacinar 50% da população brasileira.
Ao longo do depoimento, Ernesto Araújo foi pressionado pelos senadores de oposição no sentido de admitir as tensões diplomáticas causadas em sua gestão nas Relações Exteriores. Araújo defendeu que jamais promoveu atritos com a China, o que causou revolta por parte do presidente da CPI, Omar Aziz (PSD). “O senhor está faltando com a verdade”, disse Aziz. Os parlamentares recordaram os episódios em que, abertamente, Araújo chamou a Covid de “comunavírus” e proferiu acusações contra o país asiático.
Presente na comissão, a senadora Kátia Abreu (PP), que foi acusada por Ernesto Araújo de fazer lobby com a China pela tecnologia 5G, elencou uma série de erros diplomáticos por parte do ex-chanceler, como atritos com a OMS e também com a candidatura de Joe Biden nos Estados Unidos. “O senhor colocou o Brasil na irrelevância”, desferiu a parlamentar.