CPI da Covid: presidente do Butantan diz que Governo Bolsonaro ignorou oferta de 60 milhões de doses em 2020
Em depoimento prestado à CPI da Covid nesta quinta-feira, dia 27 de maio, no Senado Federal, o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, afirmou que o Governo Federal ignorou 60 milhões de doses de CoronaVac ofertadas em julho de 2020. As vacinas contra o coronavírus seriam entregues ainda no ano passado. Segundo o médico, com os insumos garantidos, o Brasil poderia ter sido o primeiro país do mundo a começar a imunização.
Covas disse ainda que o Instituto pediu apoio do governo Bolsonaro para viabilizar recursos a serem aplicados em estudo clínico da vacina e também o investimento de R$ 80 milhões para reforma do laboratório, com o intuito de ampliar a capacidade de produção das doses. O Ministério da Saúde não atendeu nenhum dos pedidos.
Dimas Covas disse que, em outubro, chegou a ser feito um acordo com o então ministro Eduardo Pazuello para a CoronaVac ser anunciada como “a vacina do Brasil”. Contudo, o presidente Jair Bolsonaro forçou a quebra do acerto com declarações contra a aplicação da vacina.
O depoente explicou que o atraso de três meses para assinar o contrato para inclusão da vacina no plano de imunização fez com que o Brasil não tivesse 100 milhões de doses até maio deste ano. Neste período, países como Argentina, Uruguai, Peru e Bolívia manifestaram interesse pela vacina brasileira.
Além da falta de decisão, o presidente do instituto também admitiu que os conflitos diplomáticos das Relações Exteriores do País com a China causaram problemas para o melhor andamento da parceria com a Sinovac.
Segundo Covas, o Governo Federal recusou a CoronaVac porque “houve um descompasso de entendimento da importância da vacina dentro do contexto da pandemia”. O médico destacou também que a vacina foi desenvolvida “sem 1 real” investido pelo governo.
Questionado por parlamentares governistas sobre a morte de pessoas que já tomaram as doses da vacina, ele lembrou que nenhuma vacina é capaz de garantir total proteção contra o vírus. “A indução de anticorpos não é 100%. Isso não só com a vacina do Butantan, todas as vacinas”.