Queiroga afirma na CPI que tratamento precoce não tem eficácia, mas evita comentar sobre conduta de Bolsonaro
Em novo depoimento para a CPI da Covid nesta terça-feira, dia 8 de junho, no Senado Federal, o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, admitiu que o tratamento precoce contra Covid-19 não dispõe de eficácia comprovada. A reposta foi dada ao relator da comissão, senador Renan Calheiros (MDB), quando este perguntou qual seria a opinião de Queiroga, enquanto médico, sobre o uso de cloroquina, hidroxicloroquina e ivermectina no combate ao coronavírus.
“Eu já respondi à vossa excelência. Essas medicações não têm eficácia comprovada. Não tem eficácia comprovada, volto a repetir”, disse o ministro de forma enfática. Na sequência, quando pressionado sobre o porquê da associação de cloroquina com a Covid-19 ainda estar publicada no site do Ministério da Saúde, Queiroga afirmou que isso não seria retirado por ser registro histórico da pandemia no País, e que a cloroquina é assunto “unilateral que não contribui”.
Apesar da resposta técnica sobre os medicamentos e de ter sinalizado a favor das medidas de vacinação da população (projetou 160 milhões de brasileiros vacinados até dezembro), o ministro fugiu de qualquer confronto às manifestações do presidente Jair Bolsonaro contra os protocolos sanitários e orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS). Bolsonaro continua promover aglomerações e sem fazer uso de máscara.
“Eu tomo as atitudes que estão ao meu alcance. O que está fora do meu alcance (decisões do presidente), não tenho o que fazer”, disse o depoente. Diante da postura de Queiroga, o senador Tasso Jereissati alegou que o titular da Saúde está sendo omisso quando não critica as aglomerações e negacionismo do presidente. “O senhor acha que uma campanha pelo distanciamento tem efeito quando o seu líder faz o contrário? É um boicote à sua própria campanha”, disse Tasso.
Quando o assunto foi a realização da Copa América no Brasil, o ministro disse não ver problema do ponto de vista epidemiológico. “O risco de se contrair a doença é o mesmo com jogo ou sem jogo. Não há risco adicional”. Bolsonaro foi o principal articulador para que a competição ocorresse no Brasil.