Ex-secretário de Saúde do Amazonas responsabiliza cearense Mayra Pinheiro por recomendação de cloroquina em Manaus
Em depoimento nesta terça-feira, dia 15 de junho, à CPI da Covid, no Senado Federal, o ex-secretário de Saúde do Amazonas, Marcellus Campêlo, afirmou que a secretária do Ministério da Saúde, Mayra Pinheiro, foi responsável por uma defesa com “ênfase” do tratamento precoce contra o coronavírus envolvendo uso de cloroquina e outros medicamentos sem eficácia comprovada. Campêlo confirmou que a visita da médica cearense à Manaus ocorreu dias antes do colapso da cidade.
“No dia 4 de janeiro, recebemos a Dra. Mayra Pinheiro, na primeira reunião pela manhã, 8 horas, no auditório do Hospital Delphina Aziz, onde foi convocada, e vimos uma ênfase dela em relação ao tratamento precoce”, afirmou.
A fala do ex-secretário contradiz a versão que Mayra apresentou quando esteve na CPI. Aos senadores, a médica informou que o Ministério da Saúde jamais havia recomendado tratamentos para a Covid-19 com o uso de medicamentos, e que apenas defendeu a autonomia de médicos para prescrevê-los caso a caso.
A senadora amazonense Eliziane Gama (Cidadania) apresentou informações sobre o envio de 120 mil comprimidos de hidroxocloroquina ao Amazonas por determinação de Mayra Pinheiro. Segundo Campêlo, o estado estava com “estoque zerado” e confirmou que o lote era sim para “tratamento da Covid”. “Isso é ato médico, que cada um faz de acordo com a sua opinião”, disse o ex-titular da Saúde.
No entanto, não se trata de opinião. Conforme apontam pesquisas e autoridades de saúde em todo o mundo, o uso de cloroquina e hidroxocloroquina não apresenta nenhuma eficácia no tratamento da Covid-19. Pelo contrário, é possível que cause reações adversas na população pelo uso indevido. Com o tratamento precoce em curso, defendido pelo presidente Jair Bolsonaro, o Amazonas viveu dias de calamidade na saúde pública, com alta de casos da doença, falta de leitos de UTI e também de oxigênio hospitalar.