CPI da Covid: Witzel afirma que Bolsonaro usa pandemia para tentar fragilizar governadores

  • 16/06/2021

Em depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira, dia 16 de junho, o ex-governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, acusou o presidente Jair Bolsonaro de ser negacionista, responsável pelas mortes por Covid-19 no Brasil, e politizar a pandemia com o objetivo de usá-la para colocar os governadores de todo o país “em situação fragilizada”.

“O presidente deixou os governadores à mercê da desgraça que viria. O único responsável pelos [mais de] 400 mil mortes que tem aí tem nome, endereço e tem que ser responsabilizado. Os governadores, prefeitos, ficaram totalmente desamparados do apoio do governo federal. É uma realidade que está documentada”, disse o ex-bolsonarista, que sofreu impeachment após tornar-se réu em processo que apura desvios de recursos na área da Saúde durante a sua gestão no executivo estadual.

Segundo o ex-governador, a “máfia da saúde” no Rio de Janeiro e o impeachment têm por trás a atuação de milícia. Witzel contou que sua deposição foi financiada por Organizações Sociais sob investigação no Rio. “Eu corro risco de vida. Eu tenho certeza. Porque (sic) a máfia da saúde no Rio de Janeiro e quem está envolvido por trás dela. E eu tenho certeza de que tem miliciano envolvido por trás disso, eu corro risco de vida e a minha família”, depôs.

Witzel apontou, ainda, que Bolsonaro passou a persegui-lo após a Polícia Civil do Rio de Janeiro ter avanççado nas investigações dos assassinatos da vereadora Marielle Franco (Psol) e de seu motorista, Anderson Gomes, ocorridos em 2018.

O depoimento foi marcado por tensões, especialmente envolvendo o senador Flávio Bolsonaro (Patriota), filho mais velho do presidente e acusado de chefiar organização criminosa no caso das “rachadinhas”. Flávio tentou desestabilizar a fala de Witzel acusando-o de fazer da CPI “um palanque político”. Witzel respondeu ao parlamentar com “não sou seu porteiro, o senhor não vai me intimidar”.

Após quatro horas de depoimento, Witzel utilizou-se do habeas corpus do ministro do STF, Nunes Marques, para deixar a comissão mais cedo, encerrando assim a sessão. O ex-governador deverá participar depois de uma reunião fechada com os integrantes da CPI.

Ainda nesta quarta-feira, os senadores aprovaram a quebra dos sigilos telefônico e bancário do empresário Carlos Wizard, integrante do suposto “gabinete paralelo” que teria assessorado Bolsonaro na gestão da crise da pandemia.